Rota Histórica das Linhas de Torres
Entre novembro de 1809 e setembro de 1810, no contexto das Invasões Francesas, é erguido, em segredo, um sistema defensivo que, hoje, constitui um valioso património histórico-militar - as Linhas de Torres Vedras - cuja importância é reconhecida internacionalmente.
Ainda no outono de 1809, após a derrota dos franceses e porque se previa nova invasão, Arthur Wellesley (futuro Duque de Wellington) empreende um reconhecimento completo dos terrenos a norte da capital portuguesa. Acompanhado pelo seu engenheiro principal, o Coronel Fletcher, por generais dos exércitos britânico e português e pelos mapas do Major Neves da Costa (a quem foi atribuída a ideia original de construir uma linha de fortificações através da Península de Lisboa), Wellington traça a sua estratégia defensiva: cercar a capital por quatro linhas fortificadas, com obras militares estrategicamente colocadas no topo das colinas, controlando os caminhos e reforçando os obstáculos naturais do terreno.
- A primeira linha, com uma extensão de 46 km, liga a margem do rio Tejo, em Alhandra, à foz do rio Sizandro, em Torres Vedras
- A segunda linha, tem cerca de 40 km, iniciando-se na Póvoa de Santa Iria e terminando em Ribamar, passando por Bucelas e Mafra.
- A terceira linha, composta por um perímetro defensivo de 3 km, destinava-se a proteger o embarque dos ingleses, em caso de retirada e segue o percurso de Paço de Arcos às Torres da Junqueira.
- A quarta linha, com uma extensão de cerca de 7 km, foi construída a Sul do Tejo, na região de Almada.
Quando completas, as linhas tinham 152 obras militares, armadas com cerca de 1.000 peças de artilharia e guarnecidas por mais de 68.000 homens.
O trabalho decorreu em segredo absoluto: sob o comando inglês, vários milhares de camponeses trabalharam na construção destas fortificações, das quais 43 estão localizadas no concelho de Mafra.
Alguns dos redutos eram simples moinhos de vento adaptados. Como forma de complemento, construíram-se trincheiras com ramos cortados, paliçadas, fossos e barricadas e, para que as tropas pudessem deslocar-se de forma mais rápida, foram construídas várias estradas militares, em alguns casos aproveitando caminhos já existentes.
O esforço deste empreendimento resultou na derrota francesa, marcando o final das guerras napoleónicas.
Passados dois séculos, os municípios onde se integra este património (Mafra, Arruda dos Vinhos, Loures, Vila Franca de Xira, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras) congregaram-se numa plataforma intermunicipal (actualmente Rota Histórica das Linhas de Torres), visando a valorização turístico-cultural deste legado.