Atribuição de condecorações municipais - Dia do Município
Atribuição da Medalha de Honra da Vila de Mafra a José Manuel Krusse Fanha Vicente
Nascido em 1951, José Fanha frequentou o Colégio Militar e licenciou-se em Arquitetura. Foi durante o tempo em que estudava na então Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa que compreendeu que, em tempo de ditadura, era através da sua poesia que podia falar, protestar e sonhar.
E foi com a poesia “às costas” que se juntou ao grupo dos chamados badaleiros, juntamente com José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Francisco Fanhais, Manuel Freire, José Jorge Letria, Carlos Alberto Moniz, Fausto, entre outros.
Concluído o curso de arquitetura, pouco tempo trabalhou na área. Apenas sabia que queria continuar a ler e a escrever. Assim fez. Foi poeta, declamador, escritor de literatura infantojuvenil, jornalista desportivo, desenhador, publicitário, dramaturgo e dramaturgista, autor de letras para canções e textos para rádio e também guionista para televisão e cinema.
Paralelamente, dedicou-se ao ensino. Durante vários anos, foi professor do Agrupamento de Escolas da Venda do Pinheiro, onde se jubilou, tendo o seu nome sido dado ao Centro de Recursos (Biblioteca Escolar).
Considerando que:
a) José Fanha tem vindo a prestar um verdadeiro serviço público na promoção do livro e da leitura, dirigindo Oficinas de Poesia em escolas e bibliotecas, de norte a sul do nosso país;
b) Ao mesmo tempo, tem exercido um contributo determinante na dinamização cultural do Concelho de Mafra, onde fixou a sua residência. Destaca-se a colaboração assídua com as Bibliotecas Municipais, ministrando Oficinas de Poesia para todas as idades, as quais permitiram descobrir novos talentos locais, alguns deles já com obra publicada;
c) Esta colaboração é extensível a outras iniciativas culturais municipais, evidenciando-se o Prémio Literário do Município de Mafra, do qual tem sido membro do júri desde a primeira edição;
d) Homenagear José Fanha é prestar público tributo ao munícipe e ao homem da cultura que continua a gostar de escrever e contar histórias, porque “essa partilha é a coisa melhor que há na vida”.
Face ao exposto, a Câmara Municipal de Mafra deliberou atribuir a mais elevada condecoração municipal – a Medalha de Honra da Vila de Mafra – a José Manuel Krusse Fanha Vicente.
Atribuição da Medalha de Mérito Municipal, Grau Ouro, a António José Silva Lopes da Costa
Nascido em 1955, António José Silva Lopes da Costa licenciou-se em medicina pela Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa em 1978.
Em 1 de janeiro de 1983, iniciou a atividade de medicina geral e familiar no Centro de Saúde de Mafra, tendo sido colocado na Extensão da Venda do Pinheiro e, a partir de 6 de abril de 1985, na Extensão do Gradil. À época, o consultório médico apenas dispunha de luz indireta e só contava com um funcionário administrativo, sendo que, com o apoio dos gradilenses, foi construído um edifício próprio.
Durante vários anos, foi também responsável pelo Serviço de Atendimento Permanente (SAP) de Mafra. Numa primeira fase, este dispunha de um médico 24 horas/ dia, com atendimento de cerca de 40 utentes, sendo que, numa segunda fase, o serviço passou a ser assegurado por dois médicos 24 horas/ dia, possibilitando o atendimento de 120 a 250 utentes.
Aposentado em 2022, continua, porém, a prestar serviço no Concelho de Mafra, nomeadamente na Unidade de Saúde Mafra Norte (Polo da Enxara do Bispo), considerando a grave situação de carência médica na União das Freguesias de Enxara do Bispo, Gradil e Vila Franca do Rosário.
Considerando que:
a) Durante quatro décadas, António José Silva Lopes da Costa tem sido o médico de família de gerações de munícipes, sendo reconhecido pela sua capacidade de trabalho, dinamismo, empenho e dedicação;
b) Homenagear António José Silva Lopes da Costa é reconhecer publicamente o inestimável contributo dos profissionais de saúde que, mesmo em situação de aposentação, desempenham um papel imprescindível na garantia do direito de acesso a cuidados de saúde por parte dos cidadãos.
Face ao exposto, a Câmara Municipal de Mafra deliberou atribuir a Medalha de Mérito Municipal, Grau Ouro, a António José Silva Lopes da Costa.
Atribuição da Medalha de Mérito Municipal, Grau Ouro, a Maria Fernanda Serra Silva Abrantes
Nascida em 1940, na Ericeira, Maria Fernanda Serra Silva Abrantes é filha e neta de homens e mulheres do mar.
Concluída a instrução primária, aos 11 anos de idade começou a amanhar peixe para ajudar a sua mãe, que era vendedora no Mercado Municipal da Ericeira, vulgarmente designada por “praça”.
Assim teve início uma vida de trabalho árduo dedicada à comercialização de peixe, atividade cuja continuidade está garantida pelo seu neto. No entanto, ainda hoje faz questão de marcar presença diária na banca de peixe da família, onde é conhecida e reconhecida por vendedores e clientes da “praça”.
Considerando que:
a) Maria Fernanda Abrantes é herdeira de uma longa tradição de vendedeiras de peixe, característica da Ericeira;
b) No exercício da sua atividade profissional, desempenhada com dedicação, sempre pugnou pela divulgação dos usos e costumes das gentes da terra. De tal forma que Maria Fernandes Abrantes se transformou numa autêntica embaixadora da cultura jagoza, seja assumindo o papel de madrinha da marcha da Ericeira, seja participando em atividades de divulgação e até em programas televisivos, envergando o traje de varina e apregoando com voz forte: “A minha Ericeira é linda!”;
c) Homenagear Maria Fernanda Abrantes é prestar tributo aos munícipes que, exercendo profissões tradicionais da cultura local, manifestam o seu orgulho na nossa terra.
Face ao exposto, a Câmara Municipal de Mafra deliberou atribuir a Medalha de Mérito Municipal, Grau Ouro, a Maria Fernanda Serra Silva Abrantes.
Atribuição da Medalha de Mérito Municipal, Grau Ouro, à Manzwine
Em 2005, a família Manz decidiu mudar de vida e instalar-se em Cheleiros. Nas suas próprias palavras, deixaram-se encantar “pelo sorriso das gentes de outros tempos, pela terra verde por semear e pelos vestígios do passado”.
Convivendo com os habitantes, em particular com Domingos Jacinto, André Manz tomou conhecimento do passado vitivinícola de Cheleiros, aprendeu com o velho Mestre e, quando a oportunidade surgiu, comprou uma pequena vinha a uma viúva.
Com o objetivo inicial de produzir vinho para si e para os seus, decidiu explorar o pequeno terreno e, nessa altura, descobriu uma casta desconhecida. Baralhado pelos diversos nomes com que todos decidiam apelidá-la, o empresário decidiu recorrer ao Instituto da Vinha e do Vinho. Após alguns estudos, lá se resolveu o mistério que pairava em Cheleiros: a uva Jampal – abandonada pelo alto custo de produção e pelo cuidado excessivo que a sua poda demandava – sobrevivia ainda na vinha da família Manz.
Incentivado a não produzir tal casta pelos motivos referidos, André não recuou perante o desafio. Queria produzir bom vinho, e não muito vinho. Assim foi. O resultado desta aposta fez nascer um projeto que estava para além das intenções iniciais.
Considerando que:
a) A Manzwine é detentora do único vinho do mundo certificado como 100% Jampal. Gradualmente, a produção tem vindo a aumentar, sem comprometer a qualidade. Hoje, esta é uma marca em crescimento, não só no nosso país, como a nível internacional, exportando uma boa parte da sua produção para mais de 30 países;
b) Atualmente, conta com 14 rótulos distintos, com uma imagem moderna, mas preservando a sua história;
c) Desde a descoberta e recuperação da rara casta autóctone, a preservação das tradições e dos costumes da região foi, e continua a ser, a pedra basilar do projeto, materializada na recuperação do lagar antigo e da antiga escola primária, assim como na criação de um espaço museológico, que convida os visitantes a realizar um percurso pela história de Cheleiros, hoje distinguida como “Aldeia de Portugal”.
Face ao exposto, a Câmara Municipal de Mafra deliberou atribuir a Medalha de Mérito Municipal, Grau Ouro, à Manzwine.
